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Edição #10 Newsletter Globalidades – Militarização Global

Edição #10 Newsletter Globalidades – Militarização Global

Bem-vindo(a) à nossa décima edição da Newsletter Globalidades!

O LAI Bertha Lutz preparou uma newsletter para você se manter informado sobre os principais temas que podem cair em seu vestibular. A cada mês enviaremos um e-mail com as principais notícias do período, um aprofundamento de um macrotema que pode aparecer em questões e temas de redação, e, para finalizar, algumas questões de prova resolvidas para te ajudar a estudar! O tema desta edição é “Militarização Global na Atualidade”,  muito importante para entender o cenário geopolítico atual.

Notícias do mês de maio

Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e símbolo da política humanista

No dia 13 de maio de 2025, faleceu em Montevidéu o ex-presidente da República Oriental do Uruguai, José Alberto Mujica Cordano, mais conhecido como Pepe Mujica, aos 89 anos de idade. A notícia foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi.

Reconhecido como uma das figuras mais emblemáticas da esquerda latino-americana, Mujica foi eleito presidente em 2009 e assumiu o governo em 2010, conduzindo sua gestão com foco na diminuição das desigualdades sociais, especialmente no combate à pobreza extrema.

O Itamaraty, em nota oficial, prestou homenagem a Mujica, destacando-o como um “grande amigo do Brasil” e um dos “principais defensores da integração sul-americana e latino-americana”, além de ressaltar seu papel como “um dos mais relevantes humanistas do nosso tempo”. Segundo a nota, sua dedicação à construção de uma ordem internacional mais justa, solidária e democrática serve como exemplo inspirador para as novas gerações.

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Gaza: Reino Unido suspende acordo com Israel enquanto ajuda humantária tenta romper o bloqueio

Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, em reunião que oficializou a interrupção da deliberação britânica-israelense (20/05/2025). O porta-voz declarou que “não pode permitir que palestinos de Gaza passem fome devido à guerra”. 

Nesta terça-feira (20), o Reino Unido anunciou a suspensão das negociações para um acordo de livre comércio com Israel, em resposta à intensificação da ofensiva na Faixa de Gaza. O embargo da tratativa – iniciada em 2022, representou a primeira forma de repúdio que um país, até então aliado israelense, manifestou diante da magnitude do enclave. Nas palavras do Ministro de Relações Exteriores, David Lammy, “a conduta intolerável de Israel na guerra está prejudicando o relacionamento britânico com o governo de Benjamin Netanyahu”.  Em meio a crescente condenação internacional, Israel tenta velar as consequências de seus atos com medidas como a realizada na quarta-feira (28), na qual a atuação da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) furou o bloqueio de 3 meses que impedia qualquer resquício de auxílio humanitário e punia com a fome os palestinos que tentavam resistir.

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Habemus papam: Leão XIX assume a Cátedra de São Pedro

No dia 8 de maio, 18 dias após o falecimento do Papa Francisco, o mundo testemunhou o anúncio de seu sucessor ao Trono de Pedro: o Papa Leão XIV. Nascido em Chicago no ano de 1955, Robert Francis Prevost tornou-se o 267º Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, o primeiro papa estadunidense e o segundo papa americano – sendo o primeiro o seu predecessor. A vida eclesiástica do novo Papa é extensa: foi ordenado em 1982, exerceu diversos cargos eclesiásticos até ser nomeado bispo em 2014 e, por fim, cardeal em 2023. Leão XIV é também o primeiro Papa da Ordem de Santo Agostinho, ordem católica renomada por seu pendor intelectual, e passou grande parte de sua vida no Peru, país que lhe concedeu cidadania no ano de 2015.

O novo Papa é, em geral, considerado moderado dentre os cardeais que participaram do conclave que o elegeu. Por um lado, Leão XIV parece compartilhar visões semelhantes às de Francisco no que tange questões sociais, sendo um defensor de uma Igreja aberta a todos e que cuide dos pobres e vulneráveis. O nome escolhido pelo Cardeal Prevost ao ascender ao Papado também não é acidental, pois o último papa a escolher este nome foi Leão XIII, conhecido por ter fundado a Doutrina Social da Igreja em fins do século XIX e cujo legado parece inspirar tanto o falecido Papa Francisco, quanto o seu sucessor. Por outro lado, o novo Papa parece manter a ortodoxia católica no que diz respeito ao lugar das mulheres na Igreja e na pauta de costumes, sinalizando que não apoia o ordenamento de mulheres e nem reconheceria o casamento entre pessoas LGBTQI+.

As implicações de sua ascensão à Cátedra de São Pedro ainda não são tão claras, mas é inegável que a figura do Papa terá forte influência sobre os 1,4 bilhão de católicos no mundo. Porém, posicionamentos pretéritos de Leão XIV põem em dúvida a ideia de que o Sumo Pontífice, por ser estadunidense, estaria alinhado com o presente governo de Washington. Em diversas publicações em seu Twitter (atual X) o Papa tomou diversos posicionamentos firmes no passado, como seu apoio à vacinação durante a pandemia da Covid-19, sua repulsa ao racismo após a repercussão do caso George Floyd e suas duras críticas à intolerância e à perseguição contra imigrantes nos Estados Unidos. Tudo isso, nos leva a crer que o Papado de Leão XIV não será  influenciado pelas ideias da extrema-direita em ascensão no seu país de origem, mas, na verdade, marcado por um sincretismo de posições mais conservadoras e mais progressistas.

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Após escalonamento de tensões, Índia e Paquistão chegam em um acordo de cessar-fogo

As tensões entre Índia e Paquistão não são de hoje e já se estendem desde a independência desses países. Isso porque, ambos faziam parte do Império britânico e quando se tornaram autônomos a região foi dividida entre dois países, o Paquistão, de maioria muçulmana, e a Índia, de maioria hindu. Entretanto, essa separação não demarcou de forma tão clara algumas regiões, resultando em disputas territoriais entre os dois Estados. É o caso da Caxemira, região mais ao norte que é reivindicada pelos dois países, e se tornou cenário e motivação de muitos conflitos entre eles, incluindo o mais recente.

Tal conflito foi resultado de um ataque de um grupo militante no dia 22 de abril que foi responsável pela morte de 26 civis em uma cidade na porção indiana da Caxemira. O governo indiano acusou o Paquistão de ter financiado ou sido cúmplice de tais ataques, e como resposta, no dia 7 de maio lançou mísseis em bases aéreas paquistanesas. Esses desenvolvimentos levaram a uma série de ataques aéreos de ambos os lados, o que preocupou a comunidade internacional, visto que ambos os países contêm armas nucleares. Tendo isso em vista, diversos esforços foram iniciados para apaziguar as tensões na região, e no dia 10 de maio ambas as partes chegaram em uma acordo de cessar fogo mediado pelos EUA.

Para saber mais leia o artigo https://laibl.com.br/escalada-das-tensoes-entre-india-e-paquistao/ no site do LAI.

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A guerra tarifária entre China e Estados Unidos

No dia 02 de fevereiro o presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva para impor tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas. No dia 4 do mesmo mês a ordem entrou em vigor, segundo Trump as tarifas seriam implementadas ao gigante asiático, pois o país estimulava o tráfico de drogas químicas de origem chinesa dentro do Estado americano. Em resposta, a China retaliou no mesmo dia, anunciando diversas contramedidas. Entre elas, novas taxas que atingiam uma variedade de produtos norte-americanos, entrando em vigor no dia 10 de fevereiro. 

Logo, o que aparentava ser apenas mais uma ação insensata do presidente norte americano se tornaria a maior guerra tarifária dos últimos tempos. No dia 4 de março, um mês após as primeiras tarifas entrarem em vigor, Donald Trump impôs uma tarifa adicional de 10% às importações vindas da China. Em contrapartida, Xi Jinping anunciou uma tarifa de 10% a 15% sobre produtos agrícolas dos EUA, entrando em vigor no dia 10 de março, um mês depois das últimas tarifas aplicadas pelo governo chinês. Nesse panorama, tornou-se notório que a escalada, no que mais tarde seria chamado de “Trade War” ou Guerra Tarifária, logo entraria em um estado mais acelerado e consequentemente perigoso para a economia global. 

Após algumas semanas sem trocas diretas de tarifas entre China e EUA, o presidente norte-americano declarou o “Dia da Libertação Americana”, anunciando o pacote de tarifas ou tarifaço. Segundo Trump, as tarifas recíprocas, conjunto de tarifas contra mais de 180 países seria fundamental para libertar os EUA dos produtos estrangeiros. Com essa nova medida as tarifas impostas à China praticamente triplicaram, em consequência o governo chinês anunciou uma nova tarifa de 34% aos produtos americanos. Além disso, o governo chinês destacou que a postura adotada pelos Estados Unidos seria prejudicial ao sistema de comércio global, uma vez que coloca em risco o equilíbrio vigente até então. Rapidamente as tarifas entre os dois países aumentaram e até o final do mês de abril as tarifas aplicadas ao Estado norte-americano já haviam chegado a 125% enquanto as tarifas aplicadasao Estado chinês chegaram a 145%. 

Em meio a essa guerra, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo chinês afirmou que a China lutaria até o fim caso os Estados Unidos continuassem com a guerra comercial. Após meses de confronto, os representantes das duas potências se reuniram no dia 10 de maio em Genebra, na Suíça, para discutir as taxas sobre importações e anunciaram o acordo em conjunto no dia 12 de maio. No acordo, os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir temporariamente as tarifas recíprocas entre os dois países durante 90 dias. Sobre o que diz respeito a números, as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas foram reduzidas de 145% para 30% e as taxas da China sobre os produtos americanos caíram de 125% para 10%. Segundo Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, o consenso foi de que “nenhum dos lados deseja uma separação econômica”.

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A dissolução do PKK e a questão curda

No dia 12 de maio o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) anunciou a sua dissolução. O grupo considerado terrorista pela Turquia, EUA e outros estados ocidentais foi fundado em 1978 e, desde então, luta pela autodeterminação e fundação de um estado curdo. O PKK esteve envolvido em diversos conflitos armados durante suas quatro décadas de atuação, incluindo o sequestro de turistas, o uso de homens-bomba e o ataque a sedes do governo turco. A decisão do grupo poderia significar um período de relativa estabilidade para a Turquia, assim como encorajar um alívio nas tensões em seus vizinhos Síria e Iraque, onde o PKK é apoiado pelo governo americano. O presidente turco, Tayyip Erdoğan, declarou que a notícia foi um importante passo para um “país livre de terrorismo”, nas palavras do líder. A decisão foi tomada em um congresso, meses após um pedido feito pelo fundador do grupo, Abdullah Ocalan – preso desde 1999 -, aos membros para que se desarmassem e enviassem um pedido formal de dissolução ao governo da Turquia. Em seu comunicado oficial, o grupo declarou que “cumpriu sua missão histórica”, a qual, ao longo dos anos, foi de construir um estado curdo independente para conquistar direitos básicos e uma pequena autonomia regional.

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Militarização Global na Atualidade

Contextualização do desarmamento até a atualidade

Para discorrer sobre a nova onda de militarização que tem ocorrido recentemente, é preciso saber do contexto de guerras anteriores e os acordos de desarmamento que vieram com elas.

As guerras mundiais

As guerras mundiais revelaram ao mundo um poder de destruição até então sem precedentes. A Primeira Guerra Mundial foi antecedida por uma grande corrida armamentista, durante o período da Paz Armada, no qual potências europeias investiam,  pela primeira vez, no serviço militar e na produção bélica em escala industrial, ou seja, multiplicando o potencial de destruição desses países. Além disso, a Segunda Guerra Mundial, sozinha, causou entre 70 e 85 milhões de mortes, atingindo tanto combatentes quanto civis, como no primeiro uso de uma arma nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagazaki pelos EUA.

Acordos de desarmamento e uso da diplomacia

Diante de tamanha destruição, houve um consenso de que era preciso evitar que novos conflitos em escala global surgissem e que para isso seria necessária a criação de um mecanismo de cooperação internacional entre os países, capaz de garantir a paz, a segurança mundial e prover os direitos humanos. Em 1945, esse propósito ganhou forma na Organização das Nações Unidas (ONU).

As Nações Unidas foram concebidas com uma visão idealista, e seus objetivos eram manter a paz e a segurança internacional, promover os direitos humanos, fomentar o desenvolvimento social e econômico, proteger o meio ambiente e prestar assistência humanitária em situações de fome, desastres naturais e conflitos armados. Assim, foi criada uma série de acordos multilaterais para a desmilitarização e  uso da diplomacia.

Guerra fria

A guerra fria foi um período de tensão entre duas potências mundiais com ideologias muito diferentes: os Estados Unidos capitalista e a União Soviética socialista. Nesse período de guerra silenciosa, que começou logo após o fim da segunda guerra mundial e se estendeu até o final dos anos 80/começo dos anos 90, também teve sua própria corrida armamentista entre as duas potências, que com a nova tecnologia de desenvolvimento de armas nucleares, começaram a produzi-las em massa. Tanto que, no auge na Guerra Fria, os Estados Unidos chegaram a ter mais de 30 mil bombas nucleares em seu arsenal, e a União Soviética, mais de 40 mil.

Assim, com o novo potencial de destruição em massa de grande parte do mundo e a tensão e medo geral de uma possível guerra entre os EUA e a URSS (que, no fim das contas, não ocorreu diretamente), nasce a necessidade de um acordo que limite esse poder e impeça a destruição da humanidade.

Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)

Em vigor desde 1970, é o acordo de desarmamento com maior número de ratificações, sendo ao todo, 191 Estados, incluindo as 5 grandes potências nucleares. Nele, os países que não possuem armas nucleares se comprometem a não desenvolvê-las, enquanto os que já têm assumem o compromisso de buscar reduzir gradualmente seus arsenais. Contudo, algumas potências são frequentemente criticadas por não avançarem de forma concreta no seu desarmamento.

Remilitarização recente e exemplos atuais

Com o fim da Guerra Fria e a ordem bipolar global, em 1991, houve, por um curto período de tempo, uma tendência global de redução de gastos militares, uma vez que o globo não temia mais com uma iminente guerra nuclear entre duas superpotências e conseguia respirar aliviado. Entretanto, essa ilusão logo seria estilhaçada com a ascensão de novas potências como a Rússia e a China que desafiam a ordem unipolar americana. Dessa forma, nas ultimas décadas, com o surgimento de uma multipolaridade geopolítica, houve, em muitas regiões do mundo, um aumento considerável de gastos militares, sempre movimentado por tensões entre Estados e projetos políticos conflitantes.

Dentre os diversos fatores causadores da nova militarização, pode-se citar:

  • A Rivalidade entre grandes potencias, como EUA e China, em conflitos regionais por influência e poder de forma direta, ou indireta por meio de Estados aliados. Exemplificando, os embates e exercícios militares recorrentes no Mar da China Meridional, onde ambos os lados desejam demonstrar controle sobre a região;
  • Avanços da tecnologia militar em campos novos, como a cyberwarfare, impulsionam novos investimentos e uma possível nova corrida armamentista cibernética;
  • Lobby da indústria bélica, empresas como Lockheed Martin e Northrop Grumman que lucram com o aumento de gastos militares;
  • Instabilidades regionais, como golpes militares na África, impulsionam nações vizinhas a investirem em defesa;
  • Enfraquecimento de organismos multilaterais, como a ONU, nas últimas décadas, guiado por lideres reacionários que questionam o sucesso da diplomacia multilateral na manutenção da paz.

Nações que protagonizam a recente guinada rumo à remilitarização:

Estados Unidos

Com a recente reeleição de Donald Trump, as ambições de remilitarização americana ficaram escancaradas, não escondendo suas críticas à ONU, o premiê atacou diversos órgãos multilaterais fundamentais para a manutenção da paz no globo. Ademais, houveram, durante os seus dias inicias de governo diversas ameaças à soberania de demais nações, como o Panamá e o Canadá que foram ameaçados de anexação, de forma que suas atitudes autoritárias enfraquecem o caminho diplomático para a solução de impasses e influenciam demais nações a possivelmente se rearmarem frente à ameaça americana.

Recentemente, o exemplo máximo da ambição militar americana foi ilustrada no anúncio de Trump no dia 20/5, em que a Casa Branca apresentou o projeto avaliado em US$ 175 bilhõesdo Golden Dome, um ambicioso sistema antimísseis que derrubariam mísseis logo após o lançamento. O plano repercutiu globalmente e diversas outras nações, como a Rússia, China e Coreia do Norte declararam o domo como uma ameaça à estabilidade global, de forma a ilustrar a guinada americana rumo a remilitarização.

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Coreia do Norte

O governo norte-coreano e seus laços com o militarismo são intrínsecos no imaginário popular, o principal outlier quando comparado ao resto das tendências globais. Pyongyang nunca escondeu seus gastos pujantes com a defesa nacional desde sua formação, sempre querendo demonstrar o seu poderio militar em grandes desfiles nacionais e paradas que apontam para o globo mísseis nucleares. No entanto, hoje, na contemporaneidade, os valores antes compartilhados apenas pelo estado norte coreano, não são mais isolados e a tendência de Estados gastarem cada vez mais com a defesa se torna a nova norma em esferas do globo. Assim, ressaltando o quadro de recente militarização global.

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Israel

O governo de Israel é um exemplo marcante do cenário atual de remilitarização global, uma vez que prioriza enormemente estratégias bélicas em detrimento da diplomacia. O país opta por ataques armados contra o povo palestino e já causou mais de 50 mil mortes desde o início das hostilidades no final de 2023. Junto à isso, Israel tem provocado ataques à hospitais e escolas, destruindo quase 90% das infraestruturas civis.

A comunidade internacional repudia os atos israelenses, mas não recruta esforços o suficiente para reverter a situação, o que evidencia uma “normalização” generalizada da violência e uso da força por Estados, ao invés do uso de negociações pacíficas. Esse quadro demonstra uma tendência preocupante de remilitarização do mundo.

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Brasil

A nova onda de remilitarização do mundo pode ser observada nacionalmente. O governo de SP, sob a administração de Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou uma lista de 100 escolas estaduais que serão convertidas ao modelo “Cívico-militar”, no segundo semestre deste ano (2025). De acordo com esse programa, a organização escolar será dividida em dois núcleos, o civil, no qual permanecem os diretores, e o militar, do qual farão parte policiais militares da reserva (aposentados).

Os PMs da reserva acompanharão atividades extracurriculares de caráter cívico-militar, definidas pela própria Secretaria da Educação de São Paulo (Seduc-SP) , composta agora por um número a ser definido de coordenadores policiais militares.  Além disso, os PMs da reserva também ocuparão o papel de monitores nessas escolas.

A proposta tem como objetivo transmitir valores civis e éticos, como disciplina e honra, e melhorar o ensino das escolas públicas. O programa também se afirma como uma maneira de combater a violência e promover uma cultura de paz nas escolas, através da militarização, o que levanta muitos questionamentos sobre o cenário global atual.

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Conclusão: o que isso tudo representa?

A recente militarização global representa uma inflexão perigosa na trajetória da segurança internacional, indicando um retrocesso em relação aos esforços históricos de desarmamento e diplomacia que marcaram a segunda metade do século XX. Após os horrores das guerras mundiais e o medo da destruição mútua assegurada durante a Guerra Fria, o mundo caminhou, ainda que lentamente e com contradições, em direção à limitação dos arsenais e à valorização do diálogo multilateral. O surgimento da ONU e de tratados como o TNP simbolizavam a esperança de uma governança global baseada na cooperação e no respeito mútuo. No entanto, essa lógica parece ter se fragilizado diante das dinâmicas contemporâneas.

O retorno das tensões geopolíticas, impulsionado pela rivalidade entre potências como EUA e China, somado à emergência de novas tecnologias de guerra e ao fortalecimento de discursos nacionalistas e autoritários, reacende a corrida armamentista, agora não apenas nuclear, mas também cibernética, espacial e tecnológica. O projeto americano do Golden Dome e a militarização da educação no Brasil são expressões distintas, mas convergentes, desse fenômeno: uma crescente confiança na força e na disciplina militar como solução para desafios internos e externos.

Nesse contexto, a militarização não é apenas o aumento de gastos com defesa, mas uma mudança simbólica profunda, que marginaliza a diplomacia, normaliza o uso da força e transforma valores militares em padrões sociais. O risco maior está em que essa tendência, ao se espalhar, crie um ambiente de permanente tensão, onde o medo substitui o diálogo e o confronto torna-se sempre uma possibilidade iminente.

Portanto, o cenário atual exige uma reflexão urgente sobre os rumos que o sistema internacional está tomando. Em vez de reforçar os muros armados entre as nações, o mundo deveria retomar o caminho da cooperação, do fortalecimento das instituições multilaterais e da promoção da paz sustentável. Afinal, a segurança verdadeira não se constrói com armas, mas com justiça, diálogo e confiança mútua.

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Questões de vestibulares

(ENEM-2024)

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é, junto com a Assembleia-Geral, um dos principais órgãos de tomada de decisão dentro da entidade. O Conselho lida com questões de segurança e paz internacionais, além de recomendar a admissão de novos membros à Assembleia-Geral e aprovar mudanças na Carta das Nações Unidas. Cinco dos quinze membros são permanentes e podem vetar resoluções, o que ocorreu 261 vezes até 2020.

GOMES, L.; PRETTO, N. O funcionamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).

A composição e o funcionamento do organismo internacional apresentados revelam a seguinte característica das relações internacionais entre os países-membros:

A) Igualdade militar.

B) Assimetria política.

C) Consenso multipolar.

D) Equilíbrio estratégico.

E) Soberania compartilhada.

Resolução:

a) Incorreta. O texto mostra que há uma desigualdade política e militar no Conselho de Segurança ao mencionar que “cinco dos quinze membros são permanentes e podem vetar resoluções.”

b) Correta. Ao mencionar que um dos cinco países que são membros permanentes pode vetar a resolução mesmo que ela seja aprovada pela maioria, o texto ilustra uma assimetria política presente dentro do Conselho de Segurança.

c) Incorreta. O texto mostra que, até o ano de 2020, em 261 ocasiões, o consenso multipolar não foi alcançado entre os membros do organismo internacional.

d) Incorreta. Ao mencionar o expressivo número de vezes em que o poder de veto foi usado pelos países detentores das cadeiras permanentes, o texto exprime a ideia de que há a predominância de interesses dos membros permanentes, descartando a aparência de um “equilíbrio estratégico”.

e) Incorreta. A ideia de “soberania compartilhada” indicaria que todos os países compartilham o mesmo peso nas decisões do Conselho, o que não é o caso, dada a assimetria institucionalizada pelas cadeiras permanentes e pelo poder de veto.

(UNESP-2024)

Países-membros da OTAN em abril de 2023

A expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na direção do Leste Europeu é um dos motivos alegados por Vladimir Putin para invadir a Ucrânia. A Finlândia não é uma ex-república soviética, tampouco fazia parte dos países da cortina de ferro. Mas desde que encerrou a Guerra de Inverno com a União Soviética, ocorrida entre 1939 e 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, mantinha-se neutra na queda de braço entre Otan e Rússia, que reivindica a influência geopolítica antes exercida pelo extinto bloco comunista. Essa neutralidade foi encerrada em 2022, quando a Finlândia abriu o processo para entrar na aliança. A concisão desse processo resultou na adesão da Finlândia como país-membro da Otan a partir de 04 de abril de 2023.

(www.nexojornal.com.br, 04.04.2023. Adaptado.)

A composição e o funcionamento do organismo internacional apresentados revelam a seguinte característica das relações internacionais entre os países-membros:

A) Igualdade militar.

B) Assimetria política.

C)Consenso multipolar.

D)Equilíbrio estratégico.

E)Soberania compartilhada

Resposta:

A) Incorreta. Os países da OTAN não possuem uma condição bélica igual. Um exemplo dessa desigualdade é a indústria bélica superaquecida dos Estados Unidos, em comparação com a Alemanha, que possui um exercito com equipamentos obsoletos e insuficientes, devido ao receio de remilitarizar o pais após as duas grandes guerras.

B) Correta. A organização do Tratado do Atlântico Norte é marcada pela assimetria politica, principalmente pela influência norte-americana nas diretrizes e opções militares dentro da organização.

C) Incorreta. A OTAN é caracterizada pela dominância dos interesses geopolíticos norte-americanos, descartando a possibilidade de um consenso multipolar entre os países membros.

D) Incorreta. Não há um equilíbrio estratégico entre os países da organização do atlântico Norte pois, dentro dos países membros , há uma clara discrepância na distribuição do poder militar entre eles, não havendo uma distribuição equitativa das forças .

E) Incorreta. Os países da OTAN não renunciam as suas soberanias nacionais; apenas cooperam militarmente.

Fontes:

https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202505/morre-pepe-mujica-2018grande-amigo-do-brasil2019-destaca-governo-brasileiro

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cdxk9k40018o

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3wdqyxgq6vo

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/05/13/jose-mujica-ex-presidente-do-uruguai-morre-aos-89-anos.ghtm

https://sites.usp.br/portalatinoamericano/espanol-mujica-pepe

https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/reino-unido-suspende-negociacoes-comerciais-israel-devido-guerra

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/reino-unido-suspende-tratativas-comerciais-com-israel-apos-escalada-em-gaza

https://www.cartacapital.com.br/mundo/fome-em-gaza-por-que-o-bloqueio-alimentar-de-israel-deve-se-tornar-de-novo-caso-para-o-tpi

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-05/robertum-franciscum-prevostleone-xiv.html

https://www.bbc.com/news/articles/c0ln80lzk7ko.amp

https://www.euronews.com/my-europe/2025/05/08/who-is-robert-francis-prevost-the-cardinal-elected-pope-leo-xiv

https://www.npr.org/2025/05/08/g-s1-65147/new-pope-leo-xiv-robert-prevost-views

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/india-x-paquistao-entenda-como-paises-nucleares-chegaram-a-cessar-fogo

https://youtu.be/UtOfKOQcQx4?si=QUkn3zJp05FYlGvU

https://youtu.be/VGOeZhj4ZoE?si=PV0TksYCXau1nIbK

Entenda a guerra comercial entre China e Estados Unidos | CNN Brasil

Guerra comercial de Trump: entenda a linha do tempo da implementação de tarifas dos EUA

China e EUA entram em acordo sobre tarifas; entenda – BBC News Brasil

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2025/05/12/pkk-curdo-anuncia-dissolucao-e-fim-de-luta-armada-contra-o-estado-turco.htm

https://www.aljazeera.com/gallery/2025/5/27/turkiye-welcomes-pkk-pledge-to-disband

https://www.reuters.com/world/middle-east/kurdish-pkk-dissolves-after-decades-struggle-with-turkey-news-agency-close-2025-05-12

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