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Mudanças Climáticas: Uma Revisão do Passado ao Futuro

Mudanças Climáticas: Uma Revisão do Passado ao Futuro

Escrito por: Maria Luísa Almeida e Laura Burgos

Faz Calor no Inverno?

Entre o final de abril e o início de maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores catástrofes climáticas de sua história, com enchentes que afetaram quase 400 municípios. As inundações severas causaram mais de 150 mortes, danos materiais extensivos e destruição significativa da infraestrutura urbana. Este desastre, contudo, não é um evento isolado. Ainda em 2023 tivemos o ano mais quente já registrado, com uma média de 24,92 °C, e 2024 está se encaminhando para superar essa marca. Na Europa e na Ásia, ondas de calor recordes estão impactando a saúde pública, a agricultura e provocando incêndios florestais. Na Amazônia, uma seca sem precedentes está devastando ecossistemas e ameaçando a biodiversidade, enquanto no Atlântico, a temporada de furacões é marcada por tempestades mais frequentes e intensas, com consequências devastadoras para comunidades costeiras.

Esses fenômenos estão profundamente interligados às mudanças climáticas, que aumentam a frequência e a intensidade desses desastres. Alterações nos ciclos hidrológicos e eventos extremos estão diretamente associados ao aquecimento global provocado pelas atividades humanas. Eventos de calor extremo, anteriormente raros, tornaram-se muito mais comuns devido ao aumento da temperatura global média, intensificando as ondas de calor. As mudanças nos padrões de precipitação e a elevação do nível do mar aumentam a vulnerabilidade das regiões e comunidades afetadas. É evidente que os padrões históricos não refletem mais a realidade atual, marcada por uma instabilidade crescente. As mudanças climáticas já têm impactos irreversíveis, e o mundo está experienciando um “novo normal” permeado por essa nova dinâmica do clima.

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Como chegamos até aqui?

O processo de agravamento do efeito estufa e das consequentes mudanças climáticas teve seu marco inicial na Revolução Industrial do século XVIII, com queimas de combustíveis fósseis em escala sem precedentes.

A maior industrialização dos países, sobretudo do Norte Global, em consonância com a maior demanda por manufaturas em decorrência do crescimento populacional e de mudanças no estilo de vida, reforçou as emissões de gases de efeito estufa, estruturando o caminho para o aumento global da temperatura.

No entanto, foi após o final da Segunda Guerra Mundial que as emissões tomaram proporções colossais, compondo 85% do total em toda a história. Isso se deu tanto pela continuidade dos fatores anteriormente citados quanto pela demanda crescente do setor energético em razão do crescimento econômico e da população.

Com a Revolução Técnico-Científico-Informacional no final dos anos 1970 somada ao crescimento industrial na periferia do capitalismo ao longo do século XX – com destaque para a intensa industrialização chinesa -, novos aparelhos eletrônicos surgiram e foram disseminados em massa, aumentando o consumo de e energia  a níveis nunca antes vistos. Com efeito desde 1990, a carga de gases de efeito estufa compõe 52,74% do total histórico.

E, mesmo com o desenvolvimento da consciência ambiental desde a segunda metade do século passado, as taxas de GEE na atmosfera prosseguiram crescentes e sem sinais de desaceleração. Ilustração desse fato é o registro de 36,4 bilhões de toneladas de gás carbônico emitidas apenas em 2019.

Para além das emissões de agravadores do efeito estufa, outro fator preocupante são as altas taxas de desmatamento ao redor do mundo, dado que corpos vegetais atuam como sumidouros de carbono, isto é, são capazes de retirar o gás da atmosfera. O caso do Brasil é especialmente preocupante, já que a Amazônia brasileira teve 20% de seu território desmatado. Com a redução de um dos ecossistemas mais fundamentais para o combate às mudanças climáticas, é de se esperar que a crise climática tenha efeitos cada vez mais rápidos.

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Uma questão de ação global…

As primeiras discussões sobre o clima datam de 1988, em Toronto e na Eco 92, no Rio de Janeiro.  Esses encontros constituíram um marco relevante, dado que nesses debates foi reconhecida a importância da problemática e a necessidade de ações significativas para combatê-la. Ademais, essas primeiras reuniões já estabeleceram tanto a fundação do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), grupo científico internacional de análise e estudo das mudanças climáticas, o consenso de que a responsabilidade pelas emissões globais não é igual entre os Estados e o estabelecimento da Conferência das Partes (COP), reunião anual e órgão supremo na questão climática. Tudo isso estruturou as bases para como a comunidade internacional lidaria com a questão no futuro.

Em 2008, foi assinado o primeiro acordo efetivo acerca do aquecimento global, o Protocolo de Kyoto. Dentre as determinações do acordo estava a redução de emissão de gases que geram o efeito estufa em 5,2% em relação aos valores de 1990, com metas bem definidas para os maiores contribuidores do aquecimento global em oposição a maior autonomia para as ações mitigantes dos países em desenvolvimento. Mais de 190 países assinaram o protocolo, mas apenas 84 o ratificaram, como a Rússia, a Índia e o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, que não o fizeram.

A necessidade de adaptação do Protocolo, devido a questões como a não participação estadunidense e a não obrigatoriedade de adoção de metas por parte do mundo em desenvolvimento, culminou na elaboração de um novo documento: o Acordo de Paris. Estruturado durante a COP 21, em 2015, e em vigor até o momento presente, tal acordo estabelece que todos os países signatários devem se comprometer, por meio de metas, para que a mudança na temperatura global não ultrapasse 2ºC. Pela obtenção de 195 signatários e 147 que o ratificaram, o Acordo de Paris foi considerado um sucesso da diplomacia ambiental.

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Mas nem tudo é o que parece

No entanto, apesar dos esforços diplomáticos, o que se viu foi um descaso aos objetivos acordados. As indústrias se expandiram, a produção energética permaneceu dependente de combustíveis fósseis e o desmatamento prossegue em taxas crescentes. Na realidade, as previsões indicam que o aumento global da temperatura será de 2,7ºC, o que demonstra disparidades entre aquilo que é dito em assembleia e o que de fato preocupa os poderes vigentes, além da inexistência de meios de garantia de adesão e cumprimento dos tratados por parte dos Estados.

Dentre as principais justificativas para o não cumprimento das metas propostas está o crescimento econômico. Da perspectiva dos países em desenvolvimento, medidas para a redução de gases de efeito estufa levariam a disparidades econômicas ainda maiores em relação às regiões mais ricas. Por outro lado, a visão dos Estados mais industrializados é de que grandes ações em prol do clima constituem ameaças à posição de hegemonia global que ocupam.

Exemplo maior da fragilidade de tratados climáticos foi a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris em 2017, durante o governo Donald Trump. Tal atitude foi bastante pautada na alegação de que os EUA estariam injustamente colocando maiores esforços para a causa climática do que, por exemplo, a China ou a Índia, e isso estaria afetando negativamente a economia e os trabalhadores do país. Houve, também, um aspecto negacionista nessa decisão, o que ilustra a crescente desconfiança na ciência e a distorção dos fatos em tempos recentes e, como demonstrado, tem peso suficiente para influenciar políticas de extrema relevância.

Mesmo com o retorno dos EUA ao acordo, em 2021, o empenho mundial para reverter, ou até mesmo atrasar os efeitos das mudanças climáticas tem se mostrado insuficiente. Desde 1988,  houveram avanços, sobretudo no quesito científico e diplomático, contudo, uma mudança real, drástica é necessária nas políticas implementadas por cada país ainda parece distante, senão utópica.

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Projeções das emissões de GEEs de fato e prometidas e suas diferenças em relação às estabelecidas no Acordo de Paris

Fonte: Climate Action Tracker

Prevenir é melhor do que remediar

Um estudo publicado em abril de 2024 pela revista Nature revela que a renda média global pode diminuir 19% até 2050 devido às mudanças climáticas, mesmo que as emissões de gases de efeito estufa cessem imediatamente. Essa projeção é baseada no impacto das emissões de CO2 já acumuladas na atmosfera. A redução da produtividade agrícola, a degradação da saúde dos trabalhadores e os danos à infraestrutura são as principais razões para essa queda na renda. O estudo, contudo, não considera outros fatores climáticos além do aumento da temperatura, como a elevação do nível do mar, padrões de precipitação e secas, que podem influenciar os resultados, com uma variação potencial de até 50% nos dados caso fossem aplicados na análise, devido a essa variabilidade climática, que compromete a produção de alimentos e eleva os preços. 

Além disso, a saúde dos trabalhadores é impactada por eventos climáticos extremos, que aumentam a incidência de doenças e diminuem a capacidade laboral. Danos à infraestrutura, como estradas, pontes e edifícios, elevam os custos de reconstrução e manutenção, prejudicando a economia global. A perda financeira gerada é de aproximadamente 38 trilhões de reais até o meio século, e é 6 vezes maior do que os custos necessários para impedir o aumento da temperatura em 2 graus célsius. Mesmo com esforços imediatos para minimizá-las, sabe-se que a emissão dos gases do efeito estufa seguirá seu ritmo acelerado, continuando a prejudicar a economia.

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Variação percentual de renda local projetada para 2049 como resposta à crise do clima — Foto: Maximilian Kotz/PIK/Nature

As mudanças climáticas impõem a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura resiliente e tecnologias sustentáveis. É evidente que as nações têm lidado de diferentes maneiras com essa situação. Os gastos com socorro e recuperação de desastres têm aumentado, pressionando significativamente os orçamentos públicos. Além disso, políticas de mitigação e adaptação, como a transição para fontes de energia renovável e a implementação de medidas de conservação de água, demandam um planejamento e financiamento de longo prazo. A inação pode resultar em perdas econômicas ainda maiores, tornando fundamental um planejamento urbano que considere a resiliência climática.

Os impactos variam de acordo com a região e a capacidade de resposta de cada governo, e a demora em investir em recursos de adaptação e mitigação pode ser catastrófica. A implementação de políticas públicas, financiamento adequado e o desenvolvimento de infraestrutura são essenciais para garantir a segurança e a estabilidade econômica diante das consequências dos eventos climáticos. Sendo assim, a prevenção revela-se mais econômica do que a reconstrução e restauração, destacando a importância de uma ação proativa e coordenada.

Uma mudança leva a outra 

No curto prazo, a alta nos preços dos alimentos é uma preocupação crescente em todo o mundo, dado que tem efeitos significativos nas comunidades mais vulneráveis, aumentando a insegurança alimentar e as desigualdades socioeconômicas. A degradação ambiental, como a perda de biodiversidade, a erosão do solo e a desertificação, diminui a capacidade da produção agrícola. Além disso, secas, inundações, tempestades e ondas de calor, também impactam significativamente essa atividade, reduzindo o volume e a qualidade das colheitas. As safras mais prejudicadas são as de trigo, milho, arroz e soja, alimentos que formam a base da alimentação global. Quando as condições climáticas adversas reduzem a produção desses alimentos, os preços tendem a subir devido à oferta limitada e à alta demanda. Além disso, as mudanças climáticas podem alterar a distribuição geográfica das culturas, levando a mudanças nos padrões de produção e comércio. Um exemplo a ser observado é o aumento do preço do azeite. Em 2023, secas e ondas de calor atingiram a região do Mediterrâneo, prejudicando o cultivo das oliveiras. A Espanha, maior produtora de azeite do mundo, sofre com chuvas escassas desde 2022, resultando em uma safra reduzida pela metade em relação ao ano anterior em 2023. 

Compreende-se que, com a elevação dos preços de certos alimentos, a mudança nos hábitos alimentares torna-se inevitável, impactando diretamente o mercado e o cotidiano dos cidadãos. A dieta tende a adaptar-se a opções mais acessíveis, ao mesmo tempo que surge uma nova preocupação: a busca por alimentos que estejam alinhados com preservação ambiental e sejam produzidos de forma sustentável.

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Uma nova desigualdade social

Os países tropicais, os menos responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa, sofrem os impactos mais severos das mudanças climáticas. Situadas em regiões com temperaturas naturalmente mais elevadas, essas nações são particularmente vulneráveis ao aumento da temperatura, resultante das atividades industriais predominantemente em países desenvolvidos.

Os trópicos já convivem com elevados níveis de temperatura e umidade, porém, o aquecimento global piora esse cenário, resultando em ondas de calor mais frequentes e intensas. Os ecossistemas tropicais, que abrigam uma biodiversidade incomparável, também estão em risco. As florestas tropicais desempenham um papel crucial na regulação do clima e na captura de carbono. O aumento da temperatura altera esses ecossistemas, provocando a perda de biodiversidade, mudanças nos padrões de precipitação e aumento da incidência de incêndios florestais. Esses impactos ameaçam não apenas a fauna e a flora, mas também as comunidades indígenas e tradicionais. Vale lembrar que a elevação do nível do mar, resultante do derretimento das calotas polares e da expansão da água do mar consequente do aquecimento dos oceanos, ameaça as regiões costeiras tropicais, sendo uma preocupação urgente para as cidades e vilarejos que, devido a sua posição geográfica de baixa altitude, são altamente suscetíveis a inundações e erosão costeira.

A capacidade de adaptação desses países é frequentemente limitada por fatores econômicos e políticos. Com escassez de  recursos financeiros e tecnológicos, as nações tropicais enfrentam desafios na implementação de medidas de adaptação às mudanças climáticas, como a construção de infraestruturas resilientes, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e o fortalecimento dos sistemas de saúde pública para enfrentar os novos desafios climáticos.

Também o impacto econômico é particularmente severo em economias dependentes da agricultura de subsistência, onde fenômenos climáticos extremos, como secas e inundações, podem devastar colheitas precipitando um aumento na pobreza. A disseminação de doenças tropicais e infecciosas tende a aumentar, sobrecarregando sistemas de saúde e expondo ainda mais as populações vulneráveis.

Eventos climáticos extremos também forçam deslocamentos em massa, criando um número crescente de “refugiados climáticos”. Essas pessoas, provenientes de países e regiões mais pobres, são forçados a abandonar suas casas e terras devido à degradação ambiental, à falta de recursos e às condições insustentáveis de vida. O deslocamento acarreta um conjunto adicional de desafios, incluindo a perda de meios de subsistência, a separação de comunidades e a integração em novas áreas, que muitas vezes não estão preparadas para receber os migrantes. Os refugiados climáticos enfrentam dificuldades significativas na busca por abrigo, emprego e serviços básicos, acentuando ainda mais as desigualdades sociais.

A escassez de recursos naturais, como água e terra cultivável, exacerba conflitos e tensões sociais, afetando diretamente as comunidades que dependem desses recursos para sobreviver. A infraestrutura precária das regiões menos desenvolvidas cede mais facilmente a eventos climáticos extremos, dificultando a recuperação e o progresso. A interrupção da educação, leva crianças a abandonarem a escola, perpetuando o ciclo de pobreza e desigualdade.

O que esperar do futuro?

É fato que o aquecimento global causou efeitos que são irreversíveis, e para estes, cabe aos governos, às organizações internacionais e a sociedade adotarem políticas de adaptação para que existam ao menos condições de subsistência diante dessa nova face do clima. Contudo, as alterações se somam a cada ano e ficam cada vez mais críticas, a tragédia do clima está anunciada e, caso medidas urgentes não sejam providenciadas para mitigar o aquecimento global, a continuidade da espécie humana no planeta terra é colocada em risco.

Considerando que cerca de 60% das emissões de gases do efeito estufa resultam da queima de combustíveis fósseis, torna-se imperativo estabelecer metas para reduzir e, eventualmente, eliminar o consumo de petróleo e gás, substituindo-os por fontes de energia renováveis, no contexto da “Neo Industrialização Verde”. A adoção de modelos híbridos, práticas agrícolas inovadoras voltadas para a descarbonização e, sobretudo, a perspectiva do hidrogênio verde no setor de transporte abrem novos horizontes para a indústria.

Entretanto, apesar das evidências científicas irrefutáveis e do crescente consenso acerca da necessidade da transição, sua efetivação tem enfrentado resistência. Os argumentos predominantes para o atraso desse processo orbitam em torno da participação significativa dos combustíveis fósseis no Produto Interno Bruto (PIB) e na centralidade do petróleo na economia global. O embate com as estruturas estabelecidas reside na divergência quanto à velocidade dessa transição, com a velha guarda defendendo os combustíveis fósseis como ferramenta para financiar uma eventual transição energética futura, sem mencionar os custos substanciais associados à infraestrutura necessária para substituição das fontes de energia.

A transição energética, por sua vez, diverge das alegações anteriores, ao contemplar a estabilidade e a segurança da humanidade. Sua implementação acelerada visa a redução das emissões, a preservação do clima e, por conseguinte, a restauração e manutenção da saúde ambiental. Tal mudança propicia uma redistribuição de renda e redução do custo de vida, ao substituirmos fontes de energia mais poluentes por alternativas mais limpas. Os denominados “empregos do clima” possuem o potencial de gerar até vinte vezes mais empregos nos próximos anos do que a indústria de combustíveis fósseis proporciona atualmente.

Perante os desafios cada vez mais urgentes das mudanças climáticas, a cooperação global e o compromisso unificado com os acordos climáticos tornam-se não apenas necessários, mas imprescindíveis. O Acordo de Paris representa um marco emblemático, delineando objetivos e compromissos para mitigar as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global. Contudo, para alcançar o êxito almejado, é crucial que tais deliberações sejam norteadas pela solidariedade e pela compreensão da interdependência de todas as nações em relação ao clima e ao meio ambiente. Somente por meio de uma abordagem colaborativa e inclusiva, que reconheça e respeite as particularidades e condições singulares de cada país, será possível atenuar os impactos econômicos das mudanças climáticas e avançar rumo a um futuro sustentável e equitativo para os habitantes do planeta.

Referências Bibliográficas:

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