#OLHAR INTERNACIONAL: CÚPULA DO G20
A Cúpula do G20 de 2023 reúne representantes internacionais em Nova Déli para debates acerca da mudança climática, dos conflitos políticos e da cooperação global.
Escrito por: Mariana Rossi.
Panorama Geral
Nos dias 9 e 10 de setembro de 2023, a cidade de Nova Déli, capital da Índia, sediou a 18ª edição da Cúpula do G20. Entre as principais pautas das discussões, destaca-se a guerra na Ucrânia, o desenvolvimento sustentável, a crise climática e a igualdade de gênero. A reunião oficial caracteriza o último ato da Índia enquanto presidente do G20, visto que o Brasil assume a presidência do grupo em 2024.
O G20 se configura como um dos foros mundiais mais significativos da atualidade, uma vez que inclui nações de extrema relevância econômica e política, diante da comunidade internacional. Os integrantes representam aproximadamente 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do mundo.
A conferência contou com a participação dos chefes de Estado da maioria de seus membros permanentes, inclusive o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Em contraponto, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, se ausentaram do encontro. A Cúpula também abrangeu outros países na qualidade de convidados, como Bangladesh, Espanha e Países Baixos, e organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e a International Solar Alliance (ISA).
Adesão da União Africana
Os dirigentes da Cúpula anunciaram a admissão da União Africana (UA) como membro permanente do G20. No discurso de abertura da Cúpula, Narendra Modi formalizou o convite à UA, representada pelo presidente Azali Assoumani, para sua adesão como organização internacional de participação definitiva do G20, proposta levantada anteriormente pelo primeiro-ministro indiano, em junho deste ano.
Fundada em 2002, a UA sucedeu a Organização da Unidade Africana (OAU), por sua vez, criada em 25 de maio de 1963. A organização é composta por 55 Estados-membros, todos países do continente africano, divididos em cinco regiões geográficas, com base na definição de 1976 da OAU. Diante do G20, a UA passa a expressar o mesmo status que a União Europeia, único bloco regional com membros de pleno direito.
Como membros permanentes, o G20 engloba, agora, a União Africana, a União Europeia e outros 19 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos). Em uma postagem em sua conta oficial na rede social X, o indiano Modi declarou que “É uma honra receber a União Africana como membro permanente da família do G20. Isto fortalecerá o G20 e também fortalecerá a voz do Sul Global”, de modo a ressaltar a pretensão cooperativa atrelada à mudança anunciada na Cúpula.
Guerra na Ucrânia
A guerra na Ucrânia também revelou-se uma pauta notável da 18ª edição da Cúpula do G20. Os dirigentes do bloco enfatizaram os efeitos negativos do conflito, sobretudo no que tange à segurança energética e alimentar mundial, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, à inflação e ao crescimento. Os representantes defenderam o cessar da destruição militar ou de outros ataques às infraestruturas alimentares e energéticas.
Apesar de condenar o conflito, a declaração final da reunião não apresentou menções diretas à Rússia, em uma provável tentativa de estabelecer um consenso entre posicionamentos de partes opostas, como União Europeia e Estados Unidos em contraste com China e Rússia. Ainda, houve a negação de que as discussões sobre a guerra na Ucrânia cabiam à Cúpula do G20, por parte de, por exemplo, Brasil e Índia. O posicionamento desses membros buscava amenizar as divergências, a fim de chegar em uma declaração final palpável. Em entrevista à jornalista do Firstpost, Palki Sharma, o presidente Lula disse que a Cúpula do G20 não se classifica como local apropriado para debate sobre a guerra da Ucrânia e enfatizou o papel da Assembleia-Geral da ONU, que se inicia no dia 19 de setembro de 2023, para as discussões acerca do conflito.
As respostas das nações diretamente envolvidas com o conflito explicitaram amplas discordâncias, de modo a reforçar as divergências políticas acerca do entendimento da natureza da guerra. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, afirmou que o G20 “não tem nada do que se orgulhar” acerca da declaração final da Cúpula. Por outro lado, o representante da Rússia aprovou a declaração, bem como defendeu “a posição coletiva dos países e parceiros do BRICS” e caracterizou o texto final como “equilibrado”.
Futura presidência brasileira
O discurso de encerramento da Cúpula do G20 em Nova Déli consagrou a transmissão simbólica da presidência do bloco da Índia para o Brasil, que assume a liderança do G20 em 2024. Em ato simbólico, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, entregou ao presidente Lula o martelo de madeira que representa o cargo, além de mudas de árvores como marca da preocupação ambiental. O Brasil concretiza o mandato em 1º de dezembro de 2023.
O lema do G20 sob a liderança brasileira será Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável. Lula delimitou três principais focos de ação para o bloco, que partem de objetivos específicos. O primeiro concerne à inclusão social e ao combate à fome, o segundo representa a transição energética e o desenvolvimento sustentável e, por fim, o terceiro abarca a reforma das instituições de governança global. Ademais, o presidente comunicou a criação de duas forças-tarefas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
O evento compreenderá mais de cem encontros oficiais em seu território nacional, como reuniões ministeriais e fóruns diplomáticos, além de seminários e visitas técnicas. A Cúpula de Líderes está prevista para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Futuramente, o Brasil cede a presidência do G20 para a África do Sul, mais especificamente, em 1º de dezembro de 2024.
Outras pautas
Sob o lema Uma Terra, Uma Família, Um Futuro, a Cúpula do G20 de 2023 também abordou outras temáticas fundamentais frente à comunidade internacional. Entre elas, considera-se o desenvolvimento sustentável, o crescimento inclusivo, a igualdade de gênero e as transformações tecnológicas e digitais.
As disposições de Nova Déli na Cúpula reafirmaram o compromisso com a proteção do meio ambiente, diante do qual os líderes do G20 ressaltaram as baixas emissões de carbono, o Quadro Mundial para a Biodiversidade de Kunming-Montreal e as transições energéticas limpas e inclusivas, com o investimento na produção de biocombustíveis. Os dirigentes enfatizaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, de modo a destacar o empenho no combate à violência de gênero e no fomento da participação plena, efetiva e equitativa de mulheres na economia e nas lideranças internacionais. Acerca do futuro, a Cúpula debateu reformas multilaterais, ao considerar os avanços tecnológicos e o meio digital.
Fontes
**https://isolaralliance.org/**
**https://au.int/en/member_states/countryprofiles2**
**https://www.g20.org/pt/about-g20/**
**https://www.bbc.com/portuguese/brasil-66770437**
**https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/cupula-do-g20/**
**https://www.consilium.europa.eu/pt/meetings/international-summit/2023/09/09-10/**
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