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A Vitória de Milei na Argentina: Desafios e Perspectivas

A Vitória de Milei na Argentina: Desafios e Perspectivas

A recente eleição presidencial na Argentina marcou um ponto de virada significativo na política do país, com Javier Milei emergindo como o vencedor, conquistando 55,77% dos votos. Sua vitória é considerada histórica não apenas por derrotar a tradicional corrente peronista, mas também por colocar no poder um candidato com propostas e declarações vistas como radicais.

A nação argentina reagiu de maneira diversa à eleição de Milei. A vitória do candidato anarcocapitalista reflete, em grande parte, a insatisfação generalizada com a situação econômica do país. Milei baseou sua campanha na promessa de cortar gastos públicos, capitalizando o sentimento negativo em relação à economia. Além disso, sua abordagem antibrasileira, anti-Mercosul e anticomunista atraiu uma parte significativa do eleitorado, demonstrando como a instrumentalização do ódio pode influenciar os resultados eleitorais.

O descontentamento econômico foi uma força motriz fundamental nas reações da população argentina. A profunda crise econômica de oitenta anos e a falha dos governos anteriores, tanto de centro-esquerda quanto de direita, em proporcionar soluções eficazes geraram um ambiente propício para uma mudança radical. Milei capitalizou essa insatisfação, centrando sua campanha no corte de gastos públicos como uma resposta à crise econômica persistente.

O componente antibrasileiro da campanha de Milei também desempenhou um papel importante. Embora tenha criticado o Mercosul e expressado uma visão negativa sobre as relações com o Brasil, a economia argentina continua profundamente interligada à brasileira. Essa contradição entre o discurso de campanha e a realidade econômica cria uma dinâmica complexa que Milei terá que navegar durante seu mandato.

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Javier Milei venceu a corrida eleitoral contra o adversário peronista Sergio Massa. (Imagem: REUTERS/ Agustin Marcarian)

 

Polarização na Sociedade Argentina

A polarização política e social na Argentina atingiu novos patamares durante a campanha eleitoral. Milei, adotando uma abordagem radical, atraiu uma parte significativa do eleitorado com suas promessas de mudanças drásticas. A instrumentalização do ódio e a exploração de sentimentos anticomunistas contribuíram para uma campanha intensamente polarizada, refletindo a tendência global de candidatos extremistas em contextos de eleições acirradas.

Após a vitória de Milei, as reações foram mistas. Enquanto alguns celebraram a mudança e expressaram esperança em relação ao futuro, outros demonstraram preocupações e incertezas. A alta inicial dos ativos argentinos nos mercados reflete otimismo em alguns setores, mas a volatilidade persistente do dólar “blue” demonstra a apreensão sobre as medidas econômicas propostas por Milei.

As expectativas pós-eleição variam amplamente, com setores como tecnologia, mercado imobiliário e agricultura comemorando a vitória de Milei após quatro anos de políticas instáveis. Executivos argentinos expressaram otimismo, vendo a mudança de governo como uma oportunidade para superar os problemas crônicos do país.

Desafios Políticos e Econômicos para a Governança de Milei

Ao assumir a presidência, Milei enfrenta uma série de desafios políticos e econômicos. A Argentina está mergulhada em uma profunda crise econômica que persiste por oitenta anos. Governos anteriores, tanto de esquerda quanto de direita, falharam em abordar eficazmente os problemas econômicos do país.

As propostas ultraliberais de Milei, incluindo a ideia de “eliminar” o Mercosul, indicam uma possível mudança radical na orientação política e econômica do país. No entanto, não só a profunda conexão e dependência com o Brasil representará uma dificuldade para essas medidas, mas também porque seu partido, o Liberdade Avança, é minoria tanto na Câmara como no Senado.

Apesar do expressivo crescimento do partido na Câmara, de 3 cadeiras assumem 39, o órgão ainda é formado, em sua maioria, pela coalizão peronista de Massa. O novo presidente, portanto, terá de empreender amplo esforço de negociação para manter o apoio ao menos do Juntos por el cambio, que o apoiou em sua eleição, além de intensa conciliação com a oposição na tentativa de conseguir governabilidade. No Senado o cenário também se mostra desafiador.

Reflexos nas Relações Internacionais

A reação internacional à eleição de Milei foi mista. Enquanto o presidente brasileiro parabenizou o novo governo argentino, líderes de outros países expressaram preocupações. O presidente colombiano, Gustavo Petro, lamentou a vitória da “extrema direita” na Argentina, enquanto o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, ironicamente desafiou seus opositores a aceitarem o resultado sem chorar.

Empresários e figuras proeminentes, como Marcos Galperin, CEO da Mercado Livre, e Elon Musk, celebraram a vitória de Milei, indicando uma esperança renovada no setor privado em relação às mudanças propostas.

Perspectivas

Javier Milei sobre un escenario

Milei assumirá a presidência em 10 de dezembro – Fonte: https://ichef.bbci.co.uk/news/800/cpsprodpb/41e0/live/68e0bc10-8731-11ee-8007-1fe120617993.jpg

Milei assumirá o governo argentino em 10 de dezembro enfrentando desafios significativos, incluindo uma inflação de três dígitos e crescimento estagnado. A prometida dolarização da economia apresenta riscos, como movimentos abruptos nos preços e dificuldades para obter apoio no Congresso. Além disso, a composição majoritariamente oposicionista do Parlamento exigirá concessões políticas se Milei quiser implementar suas propostas. A comunidade internacional observa de perto as ações do novo governo argentino, enquanto as expectativas e receios moldam as perspectivas futuras do país.

Em última análise, a vitória de Milei representa uma guinada notável na política argentina, com implicações significativas para a economia, relações internacionais e a dinâmica política interna. O futuro do país dependerá da capacidade do novo presidente de traduzir suas promessas de campanha em ações efetivas que abordem os problemas de longa data enfrentados pela Argentina enquanto abaixa o tom de seus ataques à alas mais a esquerda e grupos da sociedade.

 

 

REFERÊNCIAS

https://www.bloomberglinea.com.br/internacional/o-que-esperar-para-a-economia-da-argentina-com-milei-segundo-9-bancos-e-corretoras/?utm_source=instagram&utm_medium=organic&utm_campaign=post&utm_id=CTA

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https://www.bloomberglinea.com.br/internacional/na-argentina-vitoria-de-milei-renova-as-esperancas-de-grandes-empresarios/?utm_source=instagram&utm_medium=organic&utm_campaign=post&utm_id=CTA

https://www.bloomberglinea.com.br/internacional/javier-milei-derrota-sergio-massa-e-sera-o-novo-presidente-da-argentina/

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4n5de23q59o

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/javier-milei-o-que-disseram-lula-e-bolsonaro-sobre-a-vitoria-do-novo-presidente-argentino/

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/sem-lula-na-posse-de-milei-bolsonaro-infla-comitiva-para-celebrar-vitoria-da-direita/

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/11/clima-de-incerteza-domina-rua-do-cambio-na-argentina-apos-vitoria-de-milei.shtml

https://www.theguardian.com/world/2023/nov/20/argentina-presidential-election-far-right-libertarian-javier-milei-wins-after-rival-concedes

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/11/21/javier-milei-como-e-o-congresso-com-o-qual-o-novo-presidente-da-argentina-tera-que-lidar.ghtml

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